Infraestrutura para workloads de IA no Azure: GPUs, escalabilidade e resiliência em produção
Introdução
Workloads de Inteligência Artificial impõem exigências muito diferentes da infraestrutura tradicional.
CPU não basta. Disco comum não sustenta. Rede mal projetada vira gargalo.
Para suportar treinamento, inferência e processamento distribuído, é necessário projetar infraestrutura orientada a GPU, alta largura de banda e escalabilidade elástica.
O Azure oferece um portfólio robusto de VMs com GPU, integração nativa com AKS e ferramentas para operar esses ambientes em produção com previsibilidade.
Neste artigo você vai aprender:
- Como funcionam as VMs com GPU no Azure
- Diferença entre SKUs de GPU para treino e inferência
- Arquiteturas recomendadas para IA em produção
- Escalabilidade, resiliência e custo
- Boas práticas operacionais para workloads de IA
1. Entendendo GPUs no Azure
GPUs são projetadas para processamento massivamente paralelo.
Em IA, isso se traduz em:
- treinamento mais rápido
- inferência de baixa latência
- maior eficiência energética
No Azure, GPUs estão disponíveis principalmente nas séries N de máquinas virtuais.
Principais famílias de GPU
| Família | GPU | Perfil | Casos de uso |
|---|---|---|---|
| NC | NVIDIA A100, V100 | Compute intensivo | Treinamento de modelos |
| ND | NVIDIA A100, H100 | Deep Learning distribuído | Treino em larga escala |
| NV | NVIDIA A10, M60 | Visualização e inferência | Inferência e renderização |
| NDasv5 | NVIDIA A100 | Alta densidade | IA corporativa |
| NCads_A100_v4 | NVIDIA A100 | Alta performance | Modelos grandes |
Regra prática: Treinamento usa NC ou ND. Inferência usa NV ou NDasv5.
2. Infraestrutura para treinamento de modelos
Treinamento é o cenário mais exigente.
Requisitos típicos
- múltiplas GPUs por nó
- alto throughput de disco
- rede de baixa latência
- escalabilidade horizontal
Arquitetura recomendada
- VMs ND ou NC
- Discos Premium SSD v2 ou Ultra Disk
- Rede Accelerated Networking
- Placement Groups para reduzir latência
- Zonas de disponibilidade quando possível
Para treino distribuído, a latência entre GPUs é tão importante quanto a GPU em si.
3. Infraestrutura para inferência em produção
Inferência exige características diferentes.
- latência previsível
- escala rápida
- custo controlado
Opções comuns
- NV-Series para inferência dedicada
- AKS com nós GPU para escala horizontal
- VM Scale Sets com autoscaling
Boas práticas
- separar treino e inferência
- usar autoscaling baseado em QPS ou latência
- isolar workloads por pool de nós
- usar discos separados para modelos
4. AKS com GPU. quando e como usar
AKS é a melhor opção quando:
- você precisa escalar rapidamente
- múltiplos modelos compartilham cluster
- workloads são containerizados
Componentes essenciais
- Node Pool dedicado com GPU
- NVIDIA Device Plugin
- Taints e tolerations
- Pod requests e limits bem definidos
Exemplo de node pool com GPU:
az aks nodepool add \
--resource-group rg-aks \
--cluster-name aks-ai \
--name gpu \
--node-vm-size Standard_NCads_A100_v4 \
--node-count 2 \
--labels workload=gpu \
--node-taints sku=gpu:NoSchedule
Nunca misture workloads CPU e GPU no mesmo node pool.
5. Otimizando custo em workloads de IA
GPU é caro. Sem controle, o custo explode.
Estratégias essenciais
- usar Spot VMs para treino não crítico
- desligar clusters ociosos
- separar ambientes dev, test e prod
- usar Compute Fleet para flexibilidade de SKU
- reservar capacidade apenas para produção estável
Spot GPUs
Ideais para:
- experimentação
- treinamento iterativo
- pipelines de ML
Não recomendadas para inferência crítica.
6. Capacidade e quotas em ambientes GPU
GPUs são altamente restritas por quota e capacidade regional.
Boas práticas:
- monitorar quota por SKU
- solicitar quota com antecedência
- definir regiões alternativas
- combinar Compute Fleet com múltiplos SKUs
- planejar failover regional
Infra de IA falha mais por falta de capacidade do que por erro técnico.
7. Segurança e isolamento
Workloads de IA frequentemente lidam com dados sensíveis.
Práticas recomendadas:
- Private Endpoints para acesso a dados
- isolamento de rede por VNet dedicada
- Managed Identity para acesso a Storage e Key Vault
- criptografia de discos e dados em repouso
- controle de acesso granular por RBAC
8. Observabilidade e operação
Monitorar IA não é só GPU usage.
Monitore:
- uso de GPU e memória
- latência de inferência
- throughput por modelo
- falhas de pod ou VM
- custo por workload
Ferramentas:
- Azure Monitor
- Log Analytics
- Container Insights
- métricas NVIDIA DCGM
Conclusão
Infraestrutura para IA exige um nível mais alto de maturidade arquitetural.
Não se trata apenas de escolher uma GPU, mas de projetar capacidade, escala, custo e resiliência desde o início.
Resumo final:
- treino e inferência têm requisitos distintos
- GPU exige planejamento de quota e capacidade
- AKS é ideal para escala e multi-modelo
- custo precisa ser tratado como requisito
- observabilidade é parte da arquitetura
Uma infraestrutura de IA bem projetada no Azure é aquela que escala rápido, falha pouco e custa o necessário, nada mais.