ExpressRoute Global Reach no Azure: Conectividade privada e multi-região com o backbone da Microsoft
Introdução
Empresas que operam em múltiplas regiões, datacenters próprios e ambientes híbridos precisam de conectividade privada que seja rápida, confiável e previsível.
A internet pública não atende esses requisitos. VPN é limitada em throughput. Conexões ponto a ponto exigem gestão complexa.
O Azure ExpressRoute resolve parte do problema ao criar um circuito dedicado entre o ambiente on-premises e o Azure.
Mas quando existem dois ou mais datacenters que precisam se comunicar entre si, o verdadeiro diferencial aparece com o ExpressRoute Global Reach.
Com o Global Reach, você conecta seus datacenters privados usando o backbone global da Microsoft, obtendo latência menor, segurança superior e roteamento inteligente entre regiões.
Neste artigo você vai entender:
- O que é o ExpressRoute Global Reach
- Como ele se diferencia do ExpressRoute tradicional
- Arquiteturas típicas multi-região
- Benefícios em performance, segurança e custo
- Boas práticas e casos reais
1. O que é o ExpressRoute Global Reach
O Global Reach é uma feature opcional do ExpressRoute que interliga ambientes on-premises usando o backbone privado da Microsoft.
Ou seja, se você tem dois datacenters conectados ao Azure por ExpressRoute, pode habilitar o Global Reach para que eles se comuniquem através da Microsoft, em vez de usar rotas públicas ou interconexões complicadas.
Resumo do funcionamento:
- Cada site se conecta ao Azure através de um circuito ExpressRoute próprio
- O Global Reach anuncia rotas entre esses dois circuitos
- O tráfego flui pelo backbone global da Microsoft
- Você obtém uma rede privada site-to-site totalmente gerenciada
Tudo isso sem VPN, sem túnel, sem internet.
2. ExpressRoute padrão x ExpressRoute Global Reach
Embora ambos usem o backbone do Azure, os propósitos são diferentes.
ExpressRoute padrão
- Cria uma conexão privada entre seu datacenter e o Azure
- Suporta Private Peering e Microsoft Peering
- Ideal para workloads híbridos e migrações
ExpressRoute Global Reach
- Conecta dois datacenters locais entre si, usando o Azure como tecido de rede
- Funciona apenas com Private Peering
- Ideal para empresas com várias regiões físicas
Comparação rápida:
| Recurso | ExpressRoute | Global Reach |
|---|---|---|
| Conecta on-premises ao Azure | Sim | Não é o foco |
| Conecta dois sites on-premises | Não | Sim |
| Usa backbone da Microsoft | Sim | Sim |
| Reduz necessidade de VPN | Parcial | Completo |
| Latência otimizada entre sites | Não | Sim |
3. Arquitetura típica com ExpressRoute Global Reach
Considere este cenário:
- Datacenter A. São Paulo
- Datacenter B. Miami
- Ambos conectados ao Azure via ExpressRoute
- Região primária. Brazil South
- Região secundária. East US
Sem Global Reach:
- A e B precisam se conectar via internet, VPN ou redes de terceiros
Com Global Reach:
- A e B se conectam através do backbone da Microsoft
- O Azure serve como malha privada
- Rotas são anunciadas automaticamente entre os dois circuitos
Fluxo lógico:
Datacenter A → ExpressRoute SP → Backbone Microsoft → ExpressRoute Miami → Datacenter B
Resultado:
- Menos latência
- Menos pontos de falha
- Padronização global de conectividade
4. Casos de uso ideais
1. Conectividade entre datacenters distribuídos
Empresas com presença internacional podem usar o Azure como corredor privado.
2. Replicação de bancos de dados entre sites
Workloads como SQL Server AlwaysOn, Oracle Data Guard ou até Storage Replication se beneficiam da latência menor.
3. Failover multi-região com consistência
DR entre regiões diferentes fica mais previsível.
4. Acesso privado entre filiais
Filiais podem se conectar a qualquer outra unidade usando o backbone global.
5. Substituição de MPLS tradicional
Muitas empresas usam Global Reach como evolução de WAN privada ou como complemento ao SD-WAN.
5. Como habilitar o Global Reach
A configuração é feita no circuito ExpressRoute.
Exemplo com Azure CLI:
az network express-route peering connection create \
--name gr-connection \
--peering-name AzurePrivatePeering \
--circuit-name CircuitA \
--peer-circuit CircuitB \
--resource-group RG-Network \
--address-prefix 10.10.0.0/29
Cada par de circuitos precisa de sua própria conexão Global Reach.
Os anúncios BGP passam a incluir rotas de ambos os ambientes.
6. Performance e latência - por que melhora tanto
O backbone da Microsoft:
- possui rotas otimizadas
- entrega baixa latência global
- elimina saltos públicos e provedores intermediários
- oferece SLA corporativo
Em muitos casos, conectar São Paulo a Miami pela Microsoft entrega latência menor do que uma operadora MPLS tradicional.
Além disso:
- picos de congestionamento são reduzidos
- jitter e variação de latência diminuem
- throughput é previsível
7. Segurança e isolamento
Com o ExpressRoute Global Reach, o tráfego:
- nunca passa pela internet
- é totalmente isolado
- usa BGP seguro
- segue a política de roteamento definida pelo cliente
É ideal para ambientes que exigem:
- compliance
- sigilo absoluto
- proteção contra tráfego externo
- segmentação entre ambientes críticos
8. Boas práticas
1. Separe circuitos por criticidade
Exemplo:
- Circuito para DR
- Circuito para tráfego corporativo
- Circuito para workloads críticos
2. Use redundância dupla
Dois provedores diferentes aumentam a disponibilidade.
3. Monitore BGP e rotas anunciadas
Use Azure Monitor e conexão com Log Analytics.
4. Combine com Virtual WAN se houver múltiplos sites
O VWAN simplifica ainda mais a malha global.
5. Teste falhas regularmente
Verifique como as rotas se comportam quando um circuito cai.
Conclusão
O ExpressRoute Global Reach transforma o Azure em uma verdadeira malha global de conectividade corporativa.
Ele conecta datacenters entre si usando o backbone privado da Microsoft, oferecendo:
- latência menor
- segurança superior
- previsibilidade de tráfego
- simplificação operacional
- substituição de soluções WAN caras e complexas
É a solução ideal para empresas que precisam de uma rede privada global, resiliente e totalmente integrada ao Azure.