AKS multi-cluster para IA: Arquitetura, escalabilidade e resiliência em produção

AKS multi-cluster para IA: Arquitetura, escalabilidade e resiliência em produção

23 de Dezembro de 2025

Introdução

À medida que workloads de Inteligência Artificial evoluem, um único cluster Kubernetes deixa de ser suficiente.

Treinamento, inferência, experimentação e produção passam a competir por recursos críticos como GPU, rede e armazenamento. Além disso, requisitos de disponibilidade, isolamento e compliance tornam a operação ainda mais complexa.

É nesse cenário que surge o AKS multi-cluster como padrão arquitetural para IA em escala. Em vez de concentrar tudo em um único cluster, você distribui responsabilidades, reduz blast radius e ganha flexibilidade operacional.

Neste artigo você vai aprender:

  • Por que adotar AKS multi-cluster para IA
  • Padrões arquiteturais mais comuns
  • Estratégias para treinamento, inferência e experimentação
  • Comunicação entre clusters
  • Observabilidade, segurança e governança em ambientes multi-cluster

1. Por que single-cluster não escala para IA

Em workloads tradicionais, um cluster grande pode funcionar bem. Em IA, isso muda rapidamente.

Problemas comuns em single-cluster:

  • disputa entre pods CPU e GPU
  • dificuldade de isolamento entre times e workloads
  • upgrades arriscados
  • limitação de blast radius
  • gargalos de rede e armazenamento
  • políticas de escalabilidade conflitantes

Para IA, onde falhas e variações de carga são normais, isolar responsabilidades é fundamental.

2. Quando usar AKS multi-cluster

Você deve considerar multi-cluster quando:

  • há múltiplos modelos em produção
  • treino e inferência coexistem
  • há ambientes dev, staging e prod bem definidos
  • é necessário escalar GPUs de forma independente
  • a organização opera em múltiplas regiões
  • existe necessidade de DR ativo ou passivo

Regra prática.

Se a falha de um cluster não pode derrubar toda a plataforma de IA, você precisa de multi-cluster.

3. Padrões arquiteturais de AKS multi-cluster para IA

3.1. Separação por função


O padrão mais comum.

  • Cluster de treinamento
  • Cluster de inferência
  • Cluster de experimentação

Benefícios:

  • isolamento total de GPU
  • políticas de escala independentes
  • custo previsível

Treinamento pode usar Spot GPU. Inferência usa On Demand com SLA.

3.2. Separação por ambiente

Muito usado em empresas reguladas.

  • AKS Dev
  • AKS Staging
  • AKS Production

Cada cluster possui:

  • quotas próprias
  • políticas de segurança distintas
  • pipelines independentes

Ideal para evitar que testes impactem produção.

3.3. Multi-região ativo-passivo

Padrão para alta disponibilidade.

  • Cluster primário em uma região
  • Cluster secundário em outra
  • Replicação de modelos e artefatos
  • Failover manual ou semi-automatizado

Inferência pode ser redirecionada rapidamente em caso de falha regional.

3.4. Multi-cluster ativo-ativo

Mais complexo, porém mais resiliente.

  • Dois ou mais clusters ativos
  • Tráfego distribuído
  • Balanceamento global
  • Escala independente por região

Ideal para plataformas globais de IA.

4. Comunicação entre clusters

Clusters não devem se comunicar livremente. A comunicação precisa ser controlada, privada e observável.

Opções recomendadas

  • Azure Private Link + Private Endpoints
  • Virtual Network Peering
  • Azure Application Gateway ou Front Door para inferência
  • DNS privado com Private DNS Zones

Boas práticas:

  • nunca exponha APIs de inferência via IP público direto
  • use identidade gerenciada para autenticação
  • trate comunicação inter-cluster como tráfego zero trust

5. Gerenciamento de modelos em multi-cluster

Modelos precisam estar disponíveis em todos os clusters relevantes.

Abordagens comuns:

  • Storage Account com Private Endpoint
  • Replicação de blobs entre regiões
  • Artefatos versionados
  • Pull de modelo no startup do pod

Boas práticas:

  • nunca bake o modelo na imagem do container
  • use versionamento explícito
  • controle rollout por cluster

6. Escalabilidade de GPU em multi-cluster

Cada cluster deve escalar de forma independente.

Estratégias

  • Node Pools GPU dedicados
  • Autoscaling baseado em métricas reais
  • Compute Fleet para flexibilidade de SKU
  • Quotas monitoradas por cluster e região

Exemplo de boas práticas:

  • Treinamento. escala agressiva, tolerante a falhas
  • Inferência. escala conservadora, foco em latência
  • Experimentos. quotas rígidas e controle de custo

7. Segurança e governança

Multi-cluster aumenta superfície de ataque se não houver governança clara.

Pilares essenciais:

  • AKS com identidade gerenciada
  • RBAC por cluster
  • Azure Policy para AKS
  • Network Policies entre namespaces
  • Segregação de VNets por função
  • Logs centralizados

Regra prática.

Cada cluster deve poder ser comprometido sem comprometer os demais.

8. Observabilidade multi-cluster

Monitorar apenas um cluster não é suficiente.

Você precisa de:

  • métricas consolidadas
  • visão por cluster, workload e modelo
  • alertas distribuídos
  • rastreabilidade de falhas

Ferramentas:

  • Azure Monitor
  • Container Insights
  • Log Analytics Workspace central
  • métricas NVIDIA DCGM
  • dashboards por cluster

Boas práticas:

  • namespace padrão para métricas de IA
  • labels padronizados por modelo
  • alertas de saturação de GPU
  • análise de custo por cluster

Conclusão

AKS multi-cluster não é complexidade extra. É arquitetura necessária para IA em produção.

Ele permite:

  • isolamento real entre workloads
  • escalabilidade independente
  • maior resiliência
  • controle de custo
  • evolução segura da plataforma

Resumo final:

  • single-cluster limita IA em escala
  • multi-cluster reduz risco operacional
  • GPU exige isolamento e planejamento
  • observabilidade e governança são obrigatórias

Plataformas de IA maduras no Azure usam AKS multi-cluster como padrão, não como exceção.

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